Eu tenho Síndrome do "Plin". Mas estou em tratamento.
É assim: assuma que quando você era pequena, sua imaginação foi bombardeada por histórias de Cinderelas, Brancas de Neve, Pequenas Sereias, Alladins, Patinhos Feios, Rapunzéis. Você amou cada uma delas, viu/ouviu/leu mais de 700 vezes cada uma, criou toda uma intimidade com esse povo todo.
Como conseqüência clara e lógica, quando você cresce tem uma certeza arraigada lá no fundo da sua alma, que quando as coisas apertarem, quando tudo mais parecer desespero, quando você achar que está sem saída, quando o horizonte se encobrir de nuvens negras e a última gota de esperança evaporar... Plin!!
Você recebe a visita da Fada Madrinha, ou topa na rua com uma lâmpada-maravilhosa-que-tem-um-gênio-que-te-concede-três-desejos, ou faz um acordo com uma bruxa - minha voz pelo meu sonho! -, ou vira um cisne ou vê, ao longe, um lampeiro e bem-disposto Príncipe Encantado que resolveu dar um rolê perto da sua torre infindável.
E você vira uma pessoa adulta que adia absolutamente tudo, e até o limite. Desde arrumar o quarto antes de virar uma pocilga até pagar as contas só no dia do vencimento; passando por deixar pra lavar o carro quando você já está começando a ser apontada na rua ou resolver aquele mal-entendido milenar com sua família. A conseqüência financeira, como você pode estar supondo, é caótica: bate um impulso comprar essa telvisão de 1200 polegadas de plasma, eu já tô no limite do cheque especial mesmo, mês que vem a gente vê no que dá.
O mês que vem chega. Você não encontrou nenhum bilhete premiado da Mega-Sena na calçada em frente à sua casa, nenhuma tia milionária que você não conhecia foi generosa o suficiente para te deixar tudo de herança, ninguém bateu na sua porta oferecendo remuneração de R$100.000,00 por mês pra você respirar.
E tome aperto.
Agora eu ando seguindo mais a filosofia da Formiguinha, aquela amiga da Cigarra, e ralando os ossos para esperar um inverno tranquilo. O do ano que vem ou do outro, veja bem. Porque nesse momento já fazem 14º e ainda nem consegui começar a sair do aperto...
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