Na agência bancária lotada, as pessoas amontoavam-se, enfileiravam-se, serpenteando cada espaço disponível. A Menina, quase resignada de tão paciente, viajava num mundo à parte, um universo particular de ritmo e melodia em seu disc-man. Quando uma nova música começou em seus ouvidos, distraída e discretamente ela começou a marcar o ritmo em seus pés. Ninguém notou, ou se o fez, não havia nada que se estranhar.
Mas a música foi crescendo, crescendo, e o corpo da Menina já não conseguia mais manter-se alheio. Era seu tronco balançando em um vai-e-vem, suas pernas coreografando uma melodia alegre, e sempre ascendente. E quanto mais a música crescia, mais as pessoas na agência bancária notavam que algo acontecia com a Menina. A música se expandia ainda mais, ela fechou os olhos, levantou os braços e - bam! - o ritmo explodiu por todo o prédio, e só o que se viu foram office boys, donas-de-casa, gerentes, gestantes e aposentados dançando juntos, uma grande ciranda que serpenteava cada espaço disponível.
|