28 agosto 2006




.: Correspondências :.

Estava escrevendo um email, desses que a gente começa e não tem certeza de onde vai chegar. Durante esse email, por causa desse email, a propósito desse email, enfim, eu descobri uma coisa que eu já sabia mas nunca tinha me contado.


"É uma contradição ingrata que me acompanha, desde sempre. Ao mesmo tempo que tenho um impulso constante de isolamento, de buscar a solidão e encontrar espaços vazios e silêncio para estar simplesmente comigo, a experiência me mostra que me entregar totalmente a essa vontade não é bom. Porque parece que há duas espirais centrípetas dentro de mim: uma cheia de luz, um caminho de auto-conhecimento que eu vou, com prazer, trilhar pro resto da vida. Mas eu tenho também uma anti-espiral, como a anti-matéria. Um buraco negro do qual eu nunca vejo o fundo.

Já explorei tudo o que consegui dele, e nunca chego ao fim. Acho que ele é infinito. E quanto mais longe já andei por ele, e mais ele me puxa, quando me dou conta estou no meio de um breu cego chamado depressão. E eu consigo achar o caminho da volta, e retorno pro sol da superfície, e então depois de um tempo - como um zumbido, uma vibração surda - ele me chama e me tenta (só mais uma vez) a buscar descobrir o que há lá no fundo. É esse o momento que estou agora. Na porta da caverna, com uma tocha, espiando lá dentro. Será que entro ou não entro? Sei que todas as outras vezes que me entreguei a esse escuro me arrependi, mas a lembrança parece distante e indolor como se não tivesse acontecido comigo, como se fosse um conselho de alguém que eu preferia que não estivesse certo...

E é sempre nesses impulsos contraditórios, de encontros e isolamentos, alegria e tristeza, liberdade e solidão, que eu vou caminhando. Cedendo a um, ou a outro, evoluindo e involuindo, vou andando como uma espiral.

Até pouco tempo atrás achava que isso era uma 'doença', um mau hábito, uma confusão que deveria ser assepticamente resolvida, para que eu passasse a caminhar em linha reta como fazem as pessoas 'normais' do mundo. Hoje eu aceito mais que é esse meu padrão, é assim que eu sou, e passo menos tempo tentando lutar contra isso, e mais aprendendo a ser feliz comigo."




É quando você descobre alguns deuses que eles te descobrem também. Foi outro dia que ouvi falar de Éris, a deusa da Discórdia, que também parece abençoar o Caos e suas filhas gêmeas prediletas, as Coincidências.

Pois bem, desde que eu soube o nome de Éris e ela descobriu o meu, tem alguns percursos curiosos que se apresentam pra mim. Esse maravilhoso post da Claudia, por exemplo, que me salta aos olhos logo depois de enviar esse email:


"quem se arrisca te belisca
Como eu ou você, centenas. Centenas de medos, perguntas, respostas ensaiadas pra impressionar. Centenas que precisam de todos os sins, retendo o futuro para o presente esfacelar. Como eu ou você, buscando garantias, atestados verbais, promessas em sangue, pactos irrevogáveis, centenas. De olho no seguro, de vida, saúde, aposentadoria precoce, pecúlios. Pagando apólices contra incêndios, vendavais, desastres naturais. Tudo carimbado e protocolado em cartórios emocionais, se agarrando ao fio do bigode, amarrado ao juro por Deus, à palavra de honra que só honra os medos, justo o que não é preciso assinar. Canja de galinha e dinheiro no bolso se ocupa de quem não tem àgua na boca. Centenas de tolos, como você ou eu, presos na seta do cupido pensando que a firmeza está no pulso e é aí mesmo que escorrega. Esperando que se organizem papéis, que tudo seja pra sempre e rezando que não exista quem se atreva a te fazer vacilar, centenas. Dormir embalado de certezas, acordar desdenhando desafios. Represar a vida. Estagnar. Não trocar o certo pelo duvidoso como se o certo duvidoso não fosse. Quem se arrisca, te belisca. Mais vale um pássaro na mão que dois voando. E ninguém voa. Centenas. Pena."




Seguido de uma frase no perfil de um completo estranho que me adiciona no orkut:

"o que está pronto é o que está morto".



 


.: Mirana soprou às 12:32 :. .: 0 ventos alheios :.

 

 


Mirana é uma existência efêmera nesse planeta, e isso a perturba um pouco, mas antes isso do que ser eterna. É relações públicas, finalmente graduada, enquanto deseja secretamente ser escritora de guias de viagem e/ou acrobata. Para viver precisa freqüentemente ler bons livros e dançar. Tem uma mãe sazonal, uma irmã essencial e um pai de quem não ouve mais falar, e vive bem assim, obrigada. É preguiçosa crônica, em tratamento, e tem apresentado sintomas claros de dependência do seu iPod. Guarda duas dúzias de pessoas no coração, e sempre se arrepende quando deixa passar muito tempo sem vê-las. Ama contemplar longamente o pôr-do-sol, o mar e a chuva. Já quis ter 42 anos, hoje vive bem com seus 30, mesmo se sentindo às vezes uma adolescente ingênua e espevitada, às vezes uma velha cansada e rabugenta. Tem TPM, mas nega até a morte. Vive em guerra com a balança e é preciso admitir que anda perdendo as últimas batalhas. Pretende ainda ter gatos e filhos, mas no momento declina da resposabilidade pela vida de outros. Veio ao mundo com uma missão pessoal e intransferível: ser feliz.




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