Remexendo uns baús lá no Reduto... Achei e adorei.
Que eu seja como a que tece o pano na floresta, profundamente escondida. Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção. Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo, e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios. Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio. Que sejamos inocentes e despretensiosos. Que eu seja capaz de gratidão. Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno. Que eu saiba isso como o meu gato, no sangue e nos ossos. Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como o aroma do alecrim, como todo o dia e na Antigüidade, erva forte da cozinha. Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra e dos círculos de pedra, como raposa ou mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso. Que meu olhar seja direto e minha mão firme. Que eu me sente ao lado do fogo no inverno e veja as chamas brilhando para o que vier, e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam. Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento, ou o orgulhoso crescer das árvores. Por isso, eu jogo fora a minha roupa. Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor. Que eu faça a mesma escolha todos os dias e de novo. Quando falhar, que eu me conceda o perdão. Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo. Que eu possa conservar a fé, sempre! (Rae Beth)
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